Há pouco tempo atrás, nos dias das Mães, postei aqui um email que eu havia recebido, falando com humor de como era antigamente a criação dos filhos. Engraçado foi que minha mãe se aterrorizou, dizendo que nunca tinha feito atrocidades comigo. E é bem verdade, mas também é verdade que a forma de educar os filhos mudou (e muito), e cada vez mais percebo erros de criação latentes nos meus alunos e em outras crianças por aí. Quero relatar alguns casos...
Nessa semana tivemos que voltar os TG's, os trigêmeos (2 meninos, 1 menina, +/- 10 anos), alunos nossos da natação, e não foi pela primeira vez. Voltamos uma vez por conta do atestado médico atrasado, e desta vez voltamos porque cada um estava com o débito de 4 mensalidades, e já havíamos avisado algumas vezes. Quando pouco apareceu a secretária dos pais dos TG's, que são médicos (!), querendo explicação do retorno dos meninos. Quando a gente avisou que era por conta de 12 mensalidades atrasadas, ela esmureceu.
Ela é responsável por todos os cuidados da casa, financias, das necessidades das crianças, e simplesmente se esqueceu de pagar. Tava lá quase chorando porque era capaz de ser demitida por um erro desses. Toda essa história pra contar como essas crianças são criadas, os pais não se dão nem ao trabalho de ir deixar, buscar, ver os filhos em suas atividades, nem o compromisso de acompanhar a distância esses pais não tem.
É tão assim que eu me lembro muito bem de uma competição que fizemos. Um dos TG's teve um problema no parto e é, digamos, hemiplégico, mas nada e faz suas atividades e estripulias como se não fosse nada, e é assim que o vemos. Nesta competição, finalmente os pais foram ver os meninos nadando e eles choraram por ver o filho competindo de igual pra igual, choravam de como ele conseguia nadar com a restrição dele. É bonito, é comovente... É revoltante! Se eles fossem pelo menos uma vez no mês ver os filhos, não ia ser surpresa nenhuma. Iam ver como eles são bons nadadores, como eles evoluem, e como eles são umas pragas.
Ou talvez não, se eles fossem pelo menos uma vez ao mês vê-los, talvez até mais comportados seriam. A conclusão que chegamos é que muito da danação das crianças é necessidade de atenção, coisa que basta ter duas cadeiras de psicologia no currículo da faculdade e alguns anos de experiência para entender. Mas a falta dos pais criando-os trazem outros problemas além do mau-comportamento: eles são muito presunçosos, mandões, brigões, chegam a ser bossais, porque sempre tem tudo o que querem da forma que querem para compessar a ausência 'eterna' dos pais.
Outro caso são de outros dois irmãos, com diferença de idade pequena entre os dois. São danados, são agitados, mas a gente percebe que é coisa da idade (7 e 9 anos). Mas também percebemos que algumas atitudes são cópias dos pais, principalmente da mãe. A mãe faz advocacia e é aquele tipo de pessoa que não leva desaforo pra casa e se puder, arma o barraco sem precisar de muita coisa. Pois esses sintomas são duplicados quando os assuntos são relacionados aos filhos dela.
Como ela também superprotetora, as crianças acabam fazendo muita coisa que não podem porque sabem que se alguém for reclamar com eles, a mãe deles voa em cima! Tipo, não importa se os filhos dela tão errados, ninguém pode falar nada, só ela... se ela quiser! E se falar é que ela manda fazer mesmo! Só de mal!
E é assim que as crianças crescem, com a visão de pode tudo, sem nenhum compromisso. Dá uma raiva tão grande quando eles fazem uma cara de sonso, mas graças a Deus eu aprendi a contornar esse tipo de situação. Aprendi com a convivência e com a - digamos - heterogeneidade das tantas turmas e tantas faixas etárias, cada um com a sua peculiaridade, dos alunos e dos pais.
Ao contrário desses dois casos (entre tantos), vemos que tem mães que simplesmente cuidam tanto que descuidam. Tem uma mãe que pôs o menino na natação. Se o menino tá na natação é pra aprender a nadar, correto?! Mas a mãe dessa criança (4 anos) não quer que o filho mergulhe porque tem medo dele beber água e ficar doente, e ainda disse isso pro menino. Quem foi que disse que o menino quer mergulhar agora?! "Não, a mamãe não deixa!"
Um dia, conversando com essa mãe, ela falou que tem medo porque sabe que 'a estrela' do menino é fraca. Resumindo, superprotege ao ponto de que não deixa a criança evoluir. E o pior, atrapalha nosso trabalho. Tem um pai que levou o filho pra aula e pediu pra ficar assistindo a aula, coisa que a gente não permite muito para a criança poder criar mais confiança no professor e pro pai não nos pressionar a dar mais atenção aos seus rebentos. Era primeiro dia do menino, deixamos o pai ficar um pouco.
Pois não é que quando a gente menos espera, o pai não tá dando aula pro filho?! "Vai filho, pega a prancha! Vai imita os outros, vai!"... Quando não é incentivo de menos... Era o primeiro dia do menino, o pobre não sabia nem colocar a fuça na água! E tem pai que, quando o menino bota o rosto na água, que levanta assustado, já quer pular na água pra salvar o filho...
São extremos que antes não existiam, não era assim! Antes os pais conseguiam educar melhor seus filhos para que os mesmo fossem pessoas dignas, e mais, que fossem pessoas com carater e personalidades próprias. Não sei bem aonde foi que o fio da meada se perdeu, talvez na velocidade que temos que viver ou na irresponsabilidade de fazer filho na hora errada, mas deixo aqui o espaço para o pensamento: o que faremos por nossos filhos? Como vamos fazer para criá-los?! Vamos observá-los ou vamos deixar a TV (ou o PC, ou PS2, ou celular) ser a babá? Vamos protegê-los, superprotegê-los, ou sequer protegê-los?..
Fica a dica de uns vídeos do youtube para nos ajudar, pais e educadores. Vamos parar pra pensar!
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