"Virou moda matar criança?!"
Essa foi uma pergunta que uma aluna me fez, enquanto assistíamos a reportagem sobre o menino João Roberto, na televisão da academia. Eis aí mais uma vítima da violência exacerbada em que vivemos, uma coisa sem controle que efeta (e muito) até aqueles que deveriam nos proteger.
Semana passada, uma mãe defenestrou (aprendi com o L.F. Veríssimo) uma criança de 8 meses. Agora morre o menino João por puta erro da polícia, que não sabe distinguir um Palio de um Stilo, são sabem que cor é aquela e chamam de escuro, não sabem diferenciar o cidadão do bandido.
Me lembrei de um caso que aconteceu comigo mesmo há alguns poucos anos atrás. Minha família tinha conseguido comprar com muita luta uma Chevrolet Blazer, branca. Certo dia, depois de buscarmos meu irmão no colégio, fomos até a casa do cidadão, no shopping Benfica e depois voltamos para casa, indo pela José Bastos para pegar a avenida do canal (que me foge o nome agora).
Pois justo na hora em que paramos no sinal da Zé Bastos, uma viatura da PM entrou pela outra pista (que estava em obras por conta do metrofor), e parou do nosso lado, descendo 4 policiais, 3 com escopetas na mão e outra com uma pistola apontando pra gente. Aí começa o absurdo de tudo!
Eles mandaram minha mãe, que tava dirigindo, mostrar as mãos, e só depois que viram que era mulher, foi que mandaram minha baixar o resto do vidro. Minha mãe entrou em pânico, confundiu o botão na hora e subiu em vez de descer, depois desceu o vidro morrendo de pedir desculpas... Não dá pra descrever o pânico que tomou de conta dela, do nervosísmo que se apoderou de nós.
Foi aí que o PM explicou que eles receberam a denúncia que um grupo de 4 bandidos fortemente armados tinham roubado uma caminhonete de uma das tantas lojas de carro da Zé Bastos. E que eles iam fazer a confirmação se não era a nossa. Foi aí que eu percebi: já havia uma viatura na nossa frente e outra atrás da gente, nos cercando e investigando se não era a gente.
Agora me digam: Eu no passageiro, minha mãe dirigindo e meu irmão com a farda do colégio somos 4 bandidos fortemente armados? Eu não tenho a certeza ainda que, se fosse um homem dirigindo por exemplo, se eles não teriam já chegado atirando. E se já havia uma viatura verificando nossa placa, duas viaturas cercando a gente, pra quê uma cena de cinema dessas de sair 4 policiais armados apontando pra dentro do carro?!
Eu juro que não me manifestei na hora por conta das armas, que continuavam apontadas pra gente até a hora que fomos liberados, mas meu sentimento na hora foi da mais irritante indignação. E no final das contas tivemos que nos contentar com uma desculpa de que estavam fazendo o trabalho deles e só pude agradecer a Deus porque não aconteceu nada (a mais).
A família lá do rio não teve a mesma sorte. Os policiais já chegaram atirando, de pistola e submetralhadora. E ainda tiveram a cara de pau de dizer que a culpa foi da mulher que ficou no fogo cruzado. Faça-me o favor, sejam pelo menos honestos, assumam os seus erros!
Tenho pena da família do menino, rezo por eles, só espero sinceramente que não vire mais um caso sensacionalista como o da Isabella Nardoni. Mas a essa altura do campeonato, é algo bem difícil...
Fica a música dos titãs em protesto...
"Dizem que ela existe
Prá ajudar!
Dizem que ela existe
Prá proteger!
Eu sei que ela pode
Te parar! (ou matar, depende da versão)
Eu sei que ela pode
Te prender!
Polícia!
Para quem precisa
Polícia!
Para quem precisa de
Polícia...(2x)
Dizem prá você
Obedecer!
Dizem prá você
Responder!
Dizem prá você
Cooperar!
Dizem prá você
Respeitar!
Polícia!
Para quem precisa
Polícia!
Para quem precisa de
Polícia...(2x)"
Polícia
Titãs
Tony Belloto
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