Au revoir, Paris
Acordamos por volta das 6 horas para terminar de arrumar as malas. No saguão do hotel, no dia anterior, tinha visto que nossa partida seria às 8h. Descemos para tomar café da manhã, gostoso como da outra vez, e fomos pegar nossas malas e esperar na entrada do hotel.
Foi aí que soubemos da triste notícia da mudança de guia e que alguns dos que estavam conosco no grupo ou estavam terminando o passeio ou iam para outro destino. Tinha gente que pra Zurique com René, outros iam para Londres, nós iríamos para Bordeaux com a Toña.
Nosso ônibus demorou a chegar, vinha de outro hotel onde estavam algumas pessoas que estavam continuando a excursão de outro ponto. Quando subimos, quem disse que tinha lugar pra todo mundo?! Conseguimos pegar uma poltrona na frente, mas tinha algumas poltronas ocupadas por apenas um passageiro.
Mas o povo foi se organizando, foi entrando, enquanto o bruto do motorista, um tal de Federico (sem o r mesmo), socava as nossas malas lá
Mas enfim... A Toña não contou quantos passageiros estavam no ônibus para conferir com a lista – coisa que o René fazia umas 5 vezes – e mandou o motorista partir. Veremos que este não foi o melhor dia da viagem...
O que dizer então?! Adeus Paris, amamos você, até a próxima, já estamos com saudades!
Vale Du Loire
Pegamos a estrada descendo para o sul da França, passando pelo vale do rio Loire, rumo a Bordeaux, com uma parada em cidade chamada Blois (se pronuncia Bloá). Mas antes de chegarmos lá, passamos por belos caminhos, grandes prados bem verdinhos e floridos, a estrada muito bem pavimentada e ornamentada com mais flores nos canteiros, uma estrada tão boa que o ônibus podia ir a
Ainda no meio do caminho vi uma cena até então desconhecida para mim: uma usina nuclear com duas chaminés em plena atividade, lançando seus vapores na atmosfera. E falando em vapor, que lembra calor, simplesmente o ônibus começou a esquentar. O abestado do motorista tinha ligado o ar, alguém falou que tava frio lá trás, e o que ele fez?! Simplesmente ligou o aquecedor! Putz, bastava diminuir ou desligar. E a viagem foi inteira assim, quando não era frio, era calor, e isso porque o ar-condionado era digital, com graduação em decimais.
Percebemos que de vez em quando ele ligava era o ventilador na velocidade máxima, e entendemos que ele fazia isso pra ajudar a fumaça do cigarro dele a sair do ônibus pela janelinha do lado dele. E isso porque havia por todo ônibus o aviso de proibido fumar. Tava para arrancar um desses avisos e colocar bem na frente dele. Reclamei com a Toña sobre o cigarro e sobre o volume do rádio, que tava alto demais, e ela fez uma cara de “ô povo chato”! Se ela fizesse tudo direitinho ninguém ficava reclamando. Pois ela foi nossa pior guia.
Quando chegamos em Blois, ela começou a falar um pouco da cidade, do castelo, que podia ser visitado, e chegamos a uma igreja, que ficou como sendo o nosso ponto de encontro. Ela indicou onde havia banheiro – no ônibus não tinha – e aonde subiríamos pro castelo. Eu pensando que ela iria com a gente, que nada! Subiu no ônibus e saíram ela e o motorista sabe lá para aonde.
Foi aí que juntamos com algumas pessoas do grupo para não nos perdermos e começamos a falar da diferença do René para a tal da Toña. Depois fomos subindo rumo ao castelo, passando pela praça muito bonita, atrás da igreja de São Vicente.
Blois em si era muito bonitinha, ou como dizia no nosso roteiro, pitoresca. Casas com chaminés, bem bonitas também, ruas, praças, o castelo também era bonito (apesar de pequeno). Eu e Gi não entramos no castelo, preferimos passear um pouco, tirar belas fotos do local, entramos numa casa que era a casa da magia, tipo um museu ou a casa onde morou o mágico Robert-Houdin. Quando saímos, começou uma “apresentação” da casa: das janelas da mansão saíram dragões de papelão - ou eram jacarés, não sei - como se fossem engolir as pessoas que estavam perto da casa.
Fomos a algumas lojas, compramos lembrancinhas, e depois compramos um lanche e fomos comer na praça. Eu errei na pedida, um biscoito de batata super gelado, intragável, não consegui comer todo. A Gi foi que se deu bem, comprou um biscoito com chocolate dentro, delicioso.
Depois entramos na igreja de São Vicente, que por fora ninguém dava nada, mas era muito bonita por dentro, com esculturas e vitrais. Tava tendo adoração na hora, e aproveitamos para agradecer a Deus por tudo de bom que tava acontecendo com a gente.
Ficamos um pouco, depois saímos atrás dos banheiros públicos e fomos para o outro lado da igreja, onde era pra gente esperar o ônibus vir nos buscar. Demorou um pouco, o ônibus chegou, entramos todos e caímos na estrada de novo, para logo depois entrarmos em um estacionamento de um posto da rodovia, onde tinha um restaurante, local do nosso almoço.
A tal da comida francesa
Na hora fiquei meio confuso pra onde ir, se pro setor dos lanches ou de pratos a la carte. Fomos então pra comida mesmo, pedimos mesa para dois, nos levaram pra um canto bem afastado. Eu tava morrendo de vontade de comer comida de verdade, mas não conseguia entender direito o cardápio. Então a Giselle arriscou no que parecia mais óbvio, um tal de Boeuf a Tartarie. Resolvi encarar também o prato, boeuf é bife em todo lugar do mundo. Complementei com uma taça de vinho e a Gi com refrigerante.
Depois de muito esperar, chegou nosso prato. A primeira vista o prato era até bonito, tinha uma gema de ovo no meio, mas cadê o bife que pedimos? Jurei que eles tinham se enganado, e só quando eu fui mexer no prato foi que eu percebi que a carne era praticamente crua, só moída pra ficar fácil de comer. E agora, como reclamar em francês, se nem a garçonete nem nós éramos fluentes no inglês?
Giselle só conseguiu provar do prato dela e mais nada, a carne além de parecer crua era gelada! Vinha com umas batatas-fritas acompanhando, uma saladinha, mas a carne era completamente ‘sem-noção’! Quando eu provei, nossa... Era carne, tinha gosto de carne, que um dia na vida dela deve ter passado por algum fogo, gelada e moída, e o ovo completamente mole, quase cru também.
Taquei sal pra ver se ajudava a descer, e vale dizer aqui o provérbio: o melhor tempero é a fome! Eu ainda comi um pouco, devorei as batatas, mas teve uma hora que começou a dar um engodo no estômago que não consegui mais comer.
Não cheguei a provar do prato da Giselle, mas a carne dela tinha uma cor diferente, como se tivesse passado um pouco mais de tempo no fogo. Mas parece que estava pior, porque havia um casal de franceses comendo ao nosso lado, pratos diferentes, só que com a mesma carne, sem ser moída e sim fatiada. Benditos franceses! Quando a senhora percebeu que a Gi não havia comido nada e que eu não estava com uma cara muito boa, ela nos interpelou em inglês: “No Good?!”
Começamos um pequeno diálogo dizendo que não tínhamos feito a escolha certa, e ela dizia que era notório que a carne dela não estava boa. Foi quando a garçonete trouxe a conta deles e o casal começou a discutir com ela aquela comida não tava boa e tudo mais... a garçonete pegou o prato da Giselle e levou.
Pouco depois ela voltou com o prato do mesmo jeito, discutindo mais alguma coisa com a casal, sei que teve um momento que eu percebi que a garçonete tinha concordado com o casal que nós só iríamos pagar uma refeição, a minha, pois parecia que eu havia gostado, tinha comido mais da metade.
Menos mal, o prejuízo foi menor. Mas também não queríamos nem outro prato (e arriscar de novo?), e também havíamos perdido a fome. Bendito casal francês, dois anjos que Deus colocou no nosso caminho. Agradecemos quando eles saíram, logo depois saímos também.
É aí que discordo da opinião de alguns da nossa viagem que diziam que foram mal-tratados pelos franceses, que todos franceses são arrogantes, ignorantes, bossais. Do mesmo jeito que encontramos gente chata - um atendente ignorante aqui, um parisiense impaciente com os turistas no meio do caminho acolá, um vigia de uma igreja ali – também nos encontramos com gente finíssima, como algumas pessoas de Versalhes, do Louvre, do McDonald’s, do metrô, e muito dos transeuntes e guardas que tivemos algum contato. Em qual lugar do mundo não é assim?!
A própria garçonete que nos atendeu neste restaurante de estrada foi super solicita com a gente e logo depois foi grossa com a D. Célia por conta de uma divergência no troco, na hora do caixa. Mas enfim, pagamos, comprei mais uns chocolates caso a fome resolvesse aparecer no meio do caminho e fomos pro ônibus, antes do que era previsto. Pois não é que a Toña já tava chamando todo mundo, reclamando que a gente tava atrasado?! Nã, ô mulherzinha abestada!
Bordô
Então pegamos a estrada de novo, agora saindo do vale do Loire e indo em direção a Bordeaux. Mas antes passamos por Tour para deixar um casal que ia continuar a viagem pelas outras cidades do Vale, com outro grupo. Não deu pra ver quase nada da cidade. Voltamos pra pista, continuei apreciando a paisagem das auto-estradas francesas, os carros que passavam, as casas, os campos...
Em algum momento um passageiro pediu para dar um parada técnica, e simplesmente a Toña disse que só íamos parar
Depois tiramos direto para Bordeaux, e chegamos lá perto das 19h, ainda dia, e fomos vendo uma cidade bonita, com um rio, mas sem nada demais, ruas normais, casas normais... Pensei que ia ver um monte de vinícula, dos famosos vinhos e tal, mas entramos logo no centro da cidade e fomos para o hotel Meriadeck Centre.
Disseram que iam subir nossas malas, e não subiram. Nosso cartão do quarto também não tava pronto. Quando eu tirei as malas do ônibus, o desgraçado do motorista colocou de um jeito que a minha mala foi roçando num ferro, rasgou na lateral, ô ódio! O quarto tinha aspecto antigo, só uma TV LCD era moderna, a vista era paia, não tinha nada demais. Só serviu pra gente dormir mesmo.
Fomos então para um shopping em frente ao hotel para aproveitar alguma coisa, mas já tava tudo fechando. A Gi ainda conseguiu comprar uma bolsa, fomos ao mercantil comprar um lanche, e nada mais. Deixamos nossas comprinhas no quarto e descemos de novo para nos aventurar pela cidade. Fomos no que era pra ser o centro comercial, mas já tava tudo fechado.
Então avistamos a Catedral de Santo André, e fomos até lá, tiramos umas fotos, andamos mais um pouco e nada. Fomos pro lado da praça Gambetta, passando de novo pelo arco da cidade (que não tinha o mesmo charme do Arc de Triumph), atrás de um canto pra gente jantar. Achamos uma lanchonete, com um povo bem receptivo, pedimos sandubas com refri e batatinha, comemos e voltamos pro hotel, já fazendo um pouco de frio.
Chegando no Hotel, fomos no telefone público que havia do lado ligar para nossas casas. Era 22hs, o sol se pondo e a cidade completamente morta. Encontramos Paulo fumando (pra variar) na entrada do hotel, e comentou que foi pedir um prato para comer uns queijos com vinho que ele havia comprado e o serviço de quarto não atendeu. Resumindo bem a história, tirando Blois, o dia foi perdido. E tirando a catedral que descobrimos por conta própria, Bordeaux foi só uma parada estratégica para dormirmos.
Eu bem que havia pensado e confirmei que Blois era só um pretexto para que não disséssemos que o dia foi inteiro de viagem, porque foi exatamente isso que foi. Não chamo de pior dia, porque apesar dos pesares, estávamos aproveitando tudo o que podíamos e, como diria o Alex, concorde com nossas amigas Claudia, Iracema e Maria Alice (que fizemos maior contato neste dia), até sofrer na Europa ‘és mui chique’!
Pelo conjunto da obra (e do começo do próximo dia) não foi o melhor dia, não foi o melhor hotel, não foi o melhor atendimento, não foi a melhor cidade, não foi a melhor guia nem o melhor motorista. Só teve uma coisa que foi muito boa, mas como diz o atual jargão da TV brasileira e que foi muito repetido por algumas senhoras do ônibus, ‘prefiro não comentar’! Fim do quarto dia.
continua...
http://davibemol.blogspot.com/2009/06/db-dia-cinco-140608-sab.html
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