‘Parada hidráulica, família!’
O café da manhã do Florida Norte era muito melhor que o de Bordeaux Meriadeck Centre, mas era o padrão europeu: café, leite, suco de laranja artificial, brioches, pães, torradas, ovo mexido, bacon, lingüiça, queijo, presunto... era uma farra para mim.
Então todos embarcamos bem cedo para irmos a Toledo, distante uma hora, mais ou menos, de Madri. No dia anterior, Gonçalito havia começado a nos chamar de família, era a maneira dele se reportar a nós, quando combinava ou queria chamar atenção de algo. Foi quando ele marcou que antes de chegarmos em Toledo nós faríamos uma parada em um mirante para algumas fotos da cidade inteira e depois faríamos uma parada ‘hidráulica’ para banheiros.
Então saímos de Madri pelo túnel de maior extensão da Europa continental (tem o Eurotúnel, né?! Canal da Mancha) e pegamos a estrada rumo a Toledo. Paramos no tal mirante, um local no meio do caminho, na beira de um precipício, do outro lado do rio Tejo, de onde dá pra se ver toda a cidadela dentro das muralhas. Gonçalo explicou que dava para se destacar o Castelo no alto de um monte e a torre da igreja, mais ou menos na mesma altura, para deixar claro que todos estão abaixo de Deus e do rei.
Tiramos algumas fotos lá e então fomos para a tal parada hidráulica, que nada mais era que banheiros em uma loja de ouro. Que coincidência (!) a gente ter que passar pela loja, ouvir explicações de como são feitos os trabalhos dos ourives, para só depois chegarmos ao banheiro. Parada muito estratégica, vale Gonçalito?!
Mas valeu a pena (para nós e para os donos, é claro), deu para ver bonitas peças em ouro, ver como o mestre fazia os detalhes em pequenos medalhões trabalhados a fio de ouro, ver espadas medievais, orientais... Compramos eu e a Gi um conjuntinho de medalhão e brincos para minha mãe. Bem que eu queria também levar uma espada do ninja (renascer o Jiraya que havia em mim), mas não queria o risco (e nem tinha $$$) de ter que ser barrado nos aeroportos.
Voltamos ao ônibus, passamos pelo ponto onde nos encontraríamos mais tarde, e então Gonçalo e seu motorista nos levaram para dentro de Toledo, em um ponto bem elevado. Descemos lá porque ficava melhor descer a cidade conhecendo as coisas do que subindo. Então paramos um pouco em frente a arquidiocese e então Gonçalito explicou que rumo tomar para conhecer o centro da cidade, aonde teríamos comida para almoçar, comércio e então descermos para o ponto de encontro.
Então seguimos, fomos descendo escadas, ladeiras, fazendo curvas, que se fosse com a Toña, estaríamos fritos! Pelo menos isso o Gonçalo fez, até chegarmos ao ponto do comércio. Entramos em outra loja de peças de ouro, tiramos mais fotos, inclusive com Dom Quixote e Sancho Pança, e então fomos rodar pelo centro.
Depois de andar um bocado, vendo as lojas, procurando um restaurante, resolvemos almoçar em um restaurante a céu aberto, quase já descendo para a igreja de São João dos Reis. Almoçamos carnes, comemos pão com azeite e sal (Paulo que ensinou), tomando vinho, ô vida boa!
Depois fomos descendo para o ponto de encontro, passando pelos checkpoints que Gonçalito havia indicado, até quase nos perdermos, mas deu certo. Esperamos um pouco o ônibus, pegamos depois o pessoal que havia ficado com Gonçalo para almoçar (só quem tinha comprado a meia-pensão) e voltamos para Madri.
Quem é Jamelão?
Chegamos ao hotel e tínhamos a tarde livre, pois não adquirimos o passeio extra da tarde, para o castelo. Só estávamos no sexto dia e até então tínhamos descansado muito pouco. Já no retorno de Toledo Giselle já estava dormindo. Então quando entramos por quarto já fomos dormir. Se bem que eu não dormi muito, queria aproveitar ainda o dia, tinha que aproveitar também para ir na internet, dar notícias e ver o orkut.
Então, eu saí do Florida Norte e fui até a antiga estação em frente ao hotel, que soubemos que agora era um shopping, procurando por uma internet. Entrei e descobri um shopping bem legal, várias lojas, mas nenhum cybercafé. Fui então andando por uma rua, vendo o bonito cenário até finalmente achar uma lan house, cheia de chineses.
O próprio dono da lan house não parecia espanhol, me lembrava um turco, ou algo assim. Havia muitos orientais usando o skype na net, falando com seus familiares a milhares de distância. Talvez fosse a única hora que poderiam falar para coincidir os horários da China e da Espanha, porque depois que eu cheguei formou fila de ‘olhinhos puxados’ esperando um computador. Sorte a minha.
Depois de escrever, ver o blog, ver orkut, fui ver as notícias. As notícias que me chamaram atenção foram que em Paris teve uma revolta de estudantes em praça pública e que Jamelão havia morrido, e nada a mais. Quando eu voltei para o hotel, perto das 18hs, Paulo estava conversando com não me lembro quem (acho que com Balthazar, outro colega de viagem), e fumando como sempre. Então eu falei das notícias. Engraçado foi a cara dele de decepção por ter perdido uma revolta
Mais engraçado ainda foi quando Paulo contou as notícias para os outros, que a Claudia soube que o Jamelão morreu. A reação dela foi emocionante: “O Jamelão?! O Jamelão morreu? Meu Deus, o Jamelão morreu?! Quem é Jamelão?”. A gargalhada foi geral. Realmente foi uma perda muito grande para a família, para quem faz carnaval, para quem é da mangueira... e só!
Enquanto alguns voltavam do passeio da tarde, eu subia pra acordar a Giselle. Descemos para jantar no shopping, tinha BurgerKing e McDonald’s, tinha uma loja só da Häagen-Dazs, com vários sabores, e depois fomos dar outra volta pelo local e ligar pra família. Compramos mais algumas lembrancinhas, uma carteira nova pra mim, e voltamos para o hotel para nos arrumar para ir ao espetáculo de flamenco que adquirimos.
Castanholas
Entre os opcionais de Madri, havia um passeio ao Corral de
Já era mais de 22h quando a gente chegou, e parecia que só estavam esperando a gente, porque foi só a gente se sentar que logo começou o show. Mas diferente do Moulin Rouge, fomos direto lá pra frente, ficamos bem perto do palco. Aliás, não foi só nisso que foi diferente (e melhor) do Moinho Vermelho: particularmente eu achei muito melhor este show do que o francês.
Tipo assim, era uma coisa mais de raça, mas cultura mesmo, você sentia o legado cigano em cada pisada, como o próprio Gonçalito havia falado, era um show pra quem gostava de flamenco e não só um show pra turista ver, como era o Moulin Rouge.
Sentamos na mesa, nos serviram os drinques a que tínhamos direito, e logo os músicos entraram e começaram a tocar. Os dançarinos foram aparecendo aos poucos, primeiro um homem e uma mulher, depois grupo de mulheres, depois todos estavam no palco, se revezando na dança. Aqueles que não dançavam sempre batiam palmas.
Era incrível como ninguém batia palma igual, mas saia lindo, sincronia de música e dança perfeitos. Quem dava o ritmo era quem tava dançando, de acordo com a sua inspiração e os músicos ficavam olhando para os pés e acompanhavam o ritmo e definiam a música. O espetáculo belíssimo, maravilhoso, que não deixava a gente desgrudar os olhos do palco. Fez diferença.
Então quando acabou o flamenco, fomos todos para os hotéis, e era tanta gente que praticamente fizemos outro tour por Madri. Cantaram parabéns para mim, pois já havia passado da meia-noite, e então chegamos ao hotel. Fim do sexto dia.
continua...
http://davibemol.blogspot.com/2009/06/db-dia-sete-160608-seg.html
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